sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Diplomada

Ela olhou e sentiu um desejo profundo. Queria de todas as maneiras possuí-lo. Se contorcia na cadeira porque ainda não era o momento certo para se levantar. Quando teve a oportunidade não deu mais que quatro passos...
O agarrou, como se nunca mais fosse soltá-lo. Era seu aquele momento lindo, experimentar uma emoção das mais diferentes, daquelas que sentimos somente de vez em quando. Um abraço era tudo, mas ao mesmo tempo muito pouco. Ela queria mais...
Só não sabia como poderia usufruir do seu desejo. O suor lhe pingava pela testa, descia pelo pescoço e se perdia em suas costas. A tatuagem de rosa que estava cravada na sua coluna era “irrigada” a todo momento.
Ninguém percebia o seu desejo incontrolável, aquilo que lhe carcomia, afinal antes de ingressar, isso sempre foi algo mantido em segredo e guardado a sete chaves num calabouço de sua alma. Ela não se permita sonhar tê-lo em suas mãos.
Mas dizem que os dias que passam lentos, também servem de consolo e de espera para uma hora que irá chegar. Para ela, o seu dia havia estacionado em frente sua casa, bastava montar no carro e realizar o seu desejo.
De mãos tremidas, o abraço que era profundo se transformou até em aperto, mas um aperto carinhoso, quase obsceno, mordaz e ao mesmo tempo singelo, como uma flor que se abre pela manhã. Estava sendo cumprido um tempo, concretizava-se uma esperança, um desejo que vinha desde menina.
As portas se abriram para o mundo. Era uma novo tempo anunciado por qualquer deus desses da astrologia, das cartas ou que qualquer outro “adivinhador de plantão” sempre gostava de soprar.
Seu nome estava escrito em letras garrafais. Agora era professora, a mestra, aquela que iria ensinar a vida para os seus alunos, ajudá-los com os primeiros passos, sentir os seus anseios e entender como são para eles as cores deste planeta azul. Nesse país de contrastes infelizes para aqueles que ensinam, mais uma esperança aparecia no cantinho da sala de aula. Agora, Rosana era professora.